Andar de bicicleta, caminhar, correr, nadar e se exercitar em um programa de condicionamento físico, com regularidade, são atividades que fazem cair a pressão intraocular. Entre os fatores de trisco mais comuns para o aparecimento do glaucoma estão idade, histórico familiar, pressão intraocular elevada.
Agora, um novo estudo, realizado por Paul T. Williams, da Divisão de Ciências da Vida, do Laboratório de Berkeley, na Califórnia, sugere que a falta de exercícios físicos também pode ser um risco para o desenvolvimento da doença.
Para realizar a pesquisa, Paul Williams analisou dados de 29.854 corredores, atletas do sexo masculino, sem diabetes, e chegou à conclusão de que, de maneira geral, os corredores mais rápidos apresentavam menos chances de desenvolver glaucoma. Os dados obtidos pelo pesquisador fornecem evidências preliminares de que a atividade física vigorosa pode diminuir o risco de glaucoma.
No grupo de corredores analisados por Williams foram detectados 200 corredores portadores de glaucoma. Sem surpresa, os participantes diagnosticados com glaucoma eram ligeiramente mais velhos do que o restante do grupo.
Mas muitas outras conclusões do estudo foram surpreendentes. Williams descobriu que as performances mais rápidas, com corridas de 10 km ou para distâncias maiores, refletiam uma maior baixa no risco de incidência do glaucoma.
Mesmo os corredores mais lentos já apresentavam uma significativa redução de risco de aparecimento do glaucoma. Em relação aos corredores mais lentos, Paul Williams descobriu que: o risco de glaucoma incidente diminuiu 29% nos homens que percorriam de 3,6 a 4,0 metros por segundo; havia uma diminuição no risco de aparecimento de glaucoma de 54% para aqueles que correram de 4,1 a 4,5 metros por segundo; o risco diminuiu em 51% para aqueles que correram de 4,6 a 5,0 metros por segundo.
Pesquisas anteriores à de Williams já tentaram identificar por que correr pode reduzir o risco de glaucoma. “A corrida tem se mostrado como uma aliada na diminuição da pressão intraocular, em relação à sua intensidade. A diminuição da pressão intraocular se inicia tão logo o exercício se inicia e é tanto maior quanto maior for a intensidade do exercício. Esta baixa vai permanecer por maior tempo se o exercício tiver uma duração maior. Segundo dados da Glaucoma Foundation, pacientes que se exercitam pelo menos três vezes por semana podem obter uma redução média de 20% da PIO", diz o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do Instituto de Moléstias Oculares (IMO).
Todas as autoridades de saúde pública no mundo incentivam indivíduos sedentários a se tornarem moderadamente ativos, embora reconheçam os benefícios adicionais que podem advir com a prática de exercícios mais vigorosos. "As recomendações de saúde devem enfatizar também os benefícios de um aumento de atividade física entre as pessoas já ativas, incluindo os possíveis benefícios à saúde visual, como argumento", defende Centurion.
A aptidão física se torna ainda mais relevante para a manutenção da saúde ocular das pessoas idosas. "Os idosos tendem a ser mais sedentários. Com o processo natural de envelhecimento, as pessoas costumam ser acometidas por mais enfermidades e problemas nas articulações. A pressão ocular também aumenta. Quando recomendamos a pacientes com glaucoma fazer uma caminhada todos os dias a medida faz uma diferença enorme para o controle da pressão intraocular", explica Ricardo Giacometti Machado, que também integra o corpo clínico do IMO.
A literatura médica mostra de forma definitiva que não há dúvidas de que os exercícios aeróbicos auxiliam a baixar a pressão intraocular e ajudam a controlar o glaucoma, sem citar a melhora na qualidade de vida dos idosos. “Andar de bicicleta, caminhar, correr, nadar e se exercitar em um programa de condicionamento físico, com regularidade, são atividades que fazem cair a pressão intraocular”, destaca Machado.
“É preciso evitar exercícios ou esportes que causem impacto na cabeça e nos ombros ou que forcem o corpo a virar de cabeça para baixo. É o caso da ginástica olímpica, do mergulho, do bungee jumping e de certas posições da ioga”, diz o oftalmologista Ricardo Giacometti Machado.