Recomenda-se que as pessoas comam cinco porções (500 gramas) diárias de frutas e verduras. É o que comprova um estudo realizado por pesquisadores espanhóis sob a direção de Antonio Agudo, do serviço de epidemiologia do Instituto Catalão de Oncologia (ICO). Os pesquisadores analisam há anos a relação entre a dieta e o câncer (e outras enfermidades) e seu trabalho indica que os espanhóis que comem mais frutas e verduras têm índice de mortalidade até 30% inferior ao das pessoas que não consomem esses alimentos.
Os pesquisadores analisaram durante seis anos e meio a causa de morte de 41.358 pessoas entre 30 e 65 anos nas províncias de Astúrias, Guipúzcoa, Navarra, Murcia e Granada. O estudo comprovou que, entre essas pessoas, houve 562 mortes desde o início da pesquisa, e os óbitos foram analisados de acordo com cada grupo da população (cada qual formado com base no volume de frutas e verduras consumidas). A constatação foi de que o índice de mortalidade era mais baixo no grupo que comia mais frutas e verduras e mais alto no que menos as ingeria.
O estudo constatou, por exemplo, que a mortalidade é 21% mais baixa entre os espanhóis que consomem mais frutas frescas, ante os que consomem menos, 28% mais baixa para os que consomem verduras e 23% para os que comem legumes. Em termos de nutrientes, a mortalidade cai em 26% entre as pessoas que tomam mais vitamina C, 32% entre as que consomem mais vitamina A e 35% entre as que consomem mais licopeno (um caroteno presente no tomate, por exemplo).
Agudo atribuiu a redução da mortalidade sobretudo aos antioxidantes contidos nas frutas e verduras, que combatem a oxidação das células, um processo que causa sua mutação, envelhecimento e morte, afetando os tecidos. Isso vale para as vitaminas C e A, mas o estudo aponta que os benefícios do licopeno se relacionam tanto a suas propriedades antioxidantes quanto a sua influência sobre outros mecanismos metabólicos, a exemplo da produção de insulina ou proteção contra inflamações.
Agudo disse que o consumo mais intenso de frutas e verduras reduz a mortalidade por doenças como o câncer, as enfermidades cardiovasculares e respiratórias e o diabetes. "Comer mais de uma fruta ao dia já reduz em 20% o índice de mortalidade, e o mesmo se aplica a mais de uma porção de verdura ao dia", garantiu o pesquisador, acrescentando que, mesmo fora dos extremos da população no que tange ao consumo ou rejeição de frutas e verduras, já é possível constatar os benefícios de uma dieta ampliada.
Agudo insistiu em que o benefício dos alimentos surge quanto maior for a presença de frutas e verduras na dieta, mas também deriva da variedade desta. Ele mencionou que estudos envolvendo nutrientes isolados (como os suplementos de vitaminas) não propiciam resultado semelhante. Já seu estudo menciona outros trabalhos semelhantes, como uma pesquisa grega segundo a qual elevar o consumo a 230 g de verduras e 200 g de frutas ao dia reduz a mortalidade em respectivamente 12% e 18%. O estudo espanhol foi o primeiro dessa duração e abrangência realizado no país.
O estudo também constata igual incidência de mortalidade entre as pessoas que exercitam e as que não o fazem, e entre as pessoas que consomem e não consomem álcool. Os fumantes têm mortalidade 71% mais alta, e as pessoas com menos educação também apresentam mortalidade mais alta.
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