Médicos afirmam quenão é preciso “jogar o telefone no lixo”, mas recomendam uso moderado
Oanúncio da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), ligada àOrganização Mundial da Saúde (OMS), de que a radiação emitida pelos celulares épotencialmente cancerígena foi recebido pelos médicos brasileiros como um sinalde que a população precisa mudar os hábitos de uso do aparelho. Também épreciso, segundo os médicos, que os fabricantes deixem claro os riscos que ostelefones móveis oferecem.
"Aindanão existe evidência suficiente de que os telefones celulares causem câncer,mas existe a possibilidade", afirma a médica Ubirani Otero, chefe da áreade câncer ocupacional do Instituto Nacional de Câncer (Inca). A Iarcclassificou a radiação do celular como 2B, indicando a possibilidade de causarglioma (câncer maligno no cérebro). O risco aumenta, segundo alguns estudos,conforme o uso: quanto mais tempo ao telefone, maiores as chances dedesenvolver câncer no cérebro.
Masessa possibilidade já é suficiente, afirma Ubirani, para que o Brasil adote oque vem sendo feito na Europa, de divulgar o risco presente nos aparelhos."A população precisa saber que existe a possibilidade de, se ela usar pormais de 30 minutos por dia, desenvolver um tumor." Em alguns países daEuropa, como a França, a legislação restringe o uso do celular por crianças eadolescentes. Nesse grupo, a barreira hematoencefálica ainda não foi bemformada, aumentando a possibilidade de desenvolver um glioma. "Acho quetemos de tentar informar a população, mas sem causar pânico. E isso servetambém para o telefone sem fio, que tem a mesma radiação do celular. Deve-sediminuir o uso, a duração e alternar o ouvido", diz.
Parao médico oncologista Paulo Sanematsu Júnior, diretor do Departamento deNeurocirurgia do Hospital A. C. Camargo, de São Paulo, especializado notratamento de câncer, deve-se tentar restringir o uso do celular. "Uma dasconclusões imediatas é que seria muito interessante usar fone de ouvido, em vezde levar o aparelho diretamente ao ouvido."
Coincidência– Embora seja difícil apontar os celulares como culpados, números conhecidos háalguns anos já levantavam suspeitas sobre a possibilidade de os aparelhoscausarem câncer. "Por razões não muito claras, a incidência dos gliomasvem aumentando”, afirma Artur Katz, chefe do serviço de oncologia clínica docentro de oncologia do Hospital Sírio Libanês. "E todos nós estamossujeitos à exposição desses campos", afirma.
Katzdiz que não é preciso jogar os celulares fora, mas seria importante que aspessoas se conscientizassem sobre o uso desnecessário. "É algo que tem deser policiado."
Os fabricantes de aparelhos celulares, por meio do Mobile Manufactures Forum(Fórum dos Fabricantes de Celulares), divulgou um comunicado destacando o fatode que os campos de radiofrequência sejam "possivelmente"carcinogênicos e que "os equipamentos de telecomunicações sem fio,incluindo telefones celulares e suas estações radiobase, foram projetados paraoperar dentro de limites internacionais e nacionais que já têm margens desegurança substanciais integradas a eles."
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Fonte:Veja online (texto adaptado)